Carta Pai. Ae ó.

Escrevi cartas à você Pai e nunca enviei ao endereço certo porque, Pai, eu sei, você não sabe nem o alfabeto. Nem quem eu sou. Mesmo que eu me revele, não me reconhecer, você irá.
O que de melado te foste, está a te contar num como, como um filho. Nessa carta que enfim, eu te publico, te mostro uma ruga do meu umbigo. Tento nesse ato ridículo, transformar na tua memória o meu cheiro até então insípido, num cheiro mais claro e grosso como de pele,quando regada de limão e mel, vai ao sol:
“Remoto Pai,
Eu, que nobre nunca serei, carrego o sangue de Marte (papai) e os nervos de Minerva (mamãe). Quando eu, jovem era, tentei matar-me pra fugir do faz de conta de: “Eu sou Jesus? Eu sou Jesus ou Nero?”. Sobrevivi graças aos pós e contrapós. Graças aos medíocres que viraram heróis ao meu espírito. E numa data de minha vida, depois de, ao mesmo tempo, transar com cinco, vi que ser arrombado é, de se permanecer vivo, uma das melhores maneiras. Aconselho-te a isso.

Saudações,
Teu menino”

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