Um maiô no ouvido me segura o som

Transar ao som de caetano
Eu, mais os seus cantos
Mesmo oceano
Eu tato som
Tu somos plânctons!
O ar da luz neon
Que biam as logias,
com sensações marinhas
(Na boca de um peixe cego rumo ao anzol)

Átomos ( vostrum) me aquecem
Átomos (vostrum) jamais me paralisam
Átomos, (vostrum) me dessuldeiam com seus giros
Átomos (vostrum) me submarinam

Sol das 17 horas

Recrimino meus atos e julgo moralmente como num júri de boteco.
Eu me apego a vida como uma última esperança.
Com meu laptop quebrado , só escuto o som da noite e os cabelos cegos da Aurora.
Se o coração não está aberto, a onda não é boa.

Tenho sede de água e fome de biscoito
A índia pede um prato
Com esse já são oito.
Falta guardanapo na festa
E uma cor mais preta
Nessa minha pele
Que vermelha em sombra fresca.
Se o coração não está aberto, a onda não é boa.

Discrimino o tempo certo das coisas que não acontecem jamais
Sou um gole do Eden
E banalizo Satanás
Se o coração só fica quieto a mente pega e trai
Se o coração não está aberto, a onda não é boa

Carta Pai. Ae ó.

Escrevi cartas à você Pai e nunca enviei ao endereço certo porque, Pai, eu sei, você não sabe nem o alfabeto. Nem quem eu sou. Mesmo que eu me revele, não me reconhecer, você irá.
O que de melado te foste, está a te contar num como, como um filho. Nessa carta que enfim, eu te publico, te mostro uma ruga do meu umbigo. Tento nesse ato ridículo, transformar na tua memória o meu cheiro até então insípido, num cheiro mais claro e grosso como de pele,quando regada de limão e mel, vai ao sol:
“Remoto Pai,
Eu, que nobre nunca serei, carrego o sangue de Marte (papai) e os nervos de Minerva (mamãe). Quando eu, jovem era, tentei matar-me pra fugir do faz de conta de: “Eu sou Jesus? Eu sou Jesus ou Nero?”. Sobrevivi graças aos pós e contrapós. Graças aos medíocres que viraram heróis ao meu espírito. E numa data de minha vida, depois de, ao mesmo tempo, transar com cinco, vi que ser arrombado é, de se permanecer vivo, uma das melhores maneiras. Aconselho-te a isso.

Saudações,
Teu menino”

Entre a ausencia do sol

Passo a noite
passando a limpo
e ao amanhacer,
passo a ler
e tenho calafrios.

Não é o fato
de na tua vida,
eu já ter
sido.

É,
somente a
solidão de
um
verso
escrito.

Idas e idas

Ainda tenho os cachos da época antiga
De festa em festa, me dilato em bebida
Nos blind dates, desprotegido, da tia ser a mim transmitida
Vejo as amigas através de fotos serem pelo tempo consumidas
Nunca conheci uma louca que já tivesse sido abduzida.
Tua cara entupida em botox
Tua mão entupida de morte
Tenho a luz e não tenho a saída
minha mãe (ainda) me paga a droga e a comida
Dei certo na vida?

Vou estar pelas olimpíadas, angustiada e aflita?
Estou cada vez mais, uma bicha indecisa
Que só quer saber das grandes picas
Ao longo do dia com curtos pensamentos suicidas
Minha inteligência era ilusão, sou tão burra quanto o nada.
Tão triste quanto uma chuva fria.
Tenho a luz e não tenho a saída
minha mãe (ainda) me paga a droga e a comida

Logo que embarco, o trajeto é descida
Os meus sonhos tem angustia excessiva
Uma hora do dia destinada a pornografia
Na boca um canhão de palavras malditas
No peito um batalhão de lembranças insípidas
No sexo, a constancia explosiva
Só vejo show, atrás da mureta
O que me mantém vivo, são borboletas
Tenho a luz e não a saída
minha mãe (ainda) me paga a droga e a comida
Dei certo na vida?

CARTAS PARA PRIMA MÁRCIA

Rio de Janeiro, 07/07/07
Estimada Prima,
Veio-me hoje, ao olhar tremulando em um terraço a bandeira do Brasil, a dúvida:
-tu ainda tens o gosto de tua gente? Tu rebolas como aquelas que não entendem ou tu ainda és a mulata dum pique arriégua? Diga-me, canarinha prima: - Quais são as cores de tua flâmula? Namoras ainda de maneira assanhada e séria? (Esse misto de cores que na alma de tua gente, veio sublinhada). Ou namoras sem jeito, sem sal como aqueles que sentem prazer em se encolher de frio e esse torna-se o seu PRAZER PRIMEIRO? Diga-me com um sorriso: - tens em tua pança, a marca de um umbigo, do ventre de Iracema, vindo?
Com Amor,
teu Primo

Uma sexta-feira


Um morto de fome
De libido, treme ,
numa rua cheia de jornais voando ao vento,
ele, o morto, só pelo instinto avança
Como que fugindo de um brutamonte.
Parece um rato cinza
Com o pênis de um macaco
As mãos de esquizofrênico
E os olhos de um endemoniado
Dá passos roçando as coxas
como quem o saco aperta
As lágrimas viram mijo
E ele continua a avançar com a esperança de um orgasmo
Comendo a tudo
Metendo em qualquer buraco